Projeto:

Estudo comparativo das marcas de modo-modalidade: lung’Ie, santome e português brasileiro

Materiais pedagógico:

Coordenação: (English) Ana Lívia Agostinho (Coordenação) - UFSC LATTES ORCID
Núbia Saraiva Ferreira (Coordenação) - UFSC LATTES ORCID
Equipe: Eduardo Correa Soares (Professor) - UFMG
Idioma: Português / Outras Línguas

Resumo:

Este projeto de pesquisa objetiva investigar os núcleos auxiliares modais no lung´Ie e no santome – línguas crioulas de base portuguesa falada em São Tomé e Príncipe –, em comparação com o português brasileiro (PB). Nosso principal objetivo é contribuir para a descrição das marcas de modo e modalidade nessas línguas, que se encontram em ameaça de extinção (HAGEMEIJER 2009; AGOSTINHO 2014). Um dos nossos focos de investigação é depreender possíveis influências do componente sintático na interpretação dos auxiliares modais. Temos por hipótese que modais de raiz – em que a orientação do modal recai sobre um dos participantes do evento descrito pelo VP, preferencialmente o sujeito da sentença – têm sua leitura determinada em parte pelas propriedades do predicado sob o escopo do modal: sabe-se que no português brasileiro (PB) modais deônticos orientados para o sujeito formam sequência apenas com predicados de natureza agentiva (cf. PIRES DE OLIVEIRA & RECH 2016; RECH & VARASCHIN 2017, 2018); já um modal epistêmico, que é orientado para o falante, não sofreria restrições do predicado no domínio encaixado. Estudos do PB apontam uma influência das propriedades do predicado encaixado na interpretação de um deôntico; com base nesse dado, objetivamos, com esta pesquisa, verificar se essas restrições se estendem a outras línguas, através da comparação do PB com as línguas crioulas e com as variedades de português de São Tomé e Príncipe. Paralelamente ao estudo dos verbos auxiliares modais, investigaremos o emprego da partícula ‘ka’ em santome. Nossa hipótese é que essa partícula exerce apenas duas funções na língua: (i) marcador de modalidade, operando somente sobre proposições não factivas; e (ii) indicador de aspecto habitual, operando sobre uma proposição que descreve eventos não específicos, à semelhança do que ocorre no lung’Ie (cf. Agostinho & Rech – em avaliação). Nossa pesquisa é de caráter experimental, uma vez que visamos coletar dados dessas línguas a partir de entrevistas livres e de contação de histórias com auxílio de imagens cronologicamente ordenadas. Objetivamos também desenvolver duas tarefas experimentais para o estudo das marcas de modo e modalidade no lung’Ie e no santome: uma focando na compreensão de sentenças com itens modais; e outra tarefa focando na produção de marcas de modo/modalidade. Na sequência, objetivamos analisar o contexto sintático de emprego dessas marcas com o fim de depreender possíveis restrições impostas pelo predicado encaixado na interpretação de um item modal. Será feita também uma análise fonológica do tom da partícula ‘ka’ a fim de investigar a hipótese de que se trata de uma mesmo item modal com duas funções. Por fim, intentamos comparar nossos resultados com estudos de estudos modais no PB que seguem uma abordagem sintático-semântica.


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