Projeto:

Como o português brasileiro codifica o movimento: variação e tipologia

Prof. Visitantes :

Como o português brasileiro codifica o movimento: variação e tipologia

Projeto de Pesquisa
Heronides Moura
Bolsa PVE Senior– CAPES-PRINT
Edital 8- PVE 2020
Período 1 de julho a 31 de dezembro de 2020

James Cook University
Language and Culture Research Centre
PO Box 6811, Cairns, Queensland 4870, Australia

Colaboradora no Exterior
Alexandra Y. Aikhenvald, PhD.
Distinguished Professor and Australian Laureate Fellow
Director of the Language and Culture Research Centre
James Cook University

Tema: Linguagens, Interculturalidade e Identidades
Subprojeto: Portal Línguas, Literatura e Práticas Culturais

I. Título do Projeto
Como o português brasileiro codifica o movimento: variação e tipologia.

II. Introdução e Justificativa
Infelizmente, o português brasileiro é ainda bem pouco conhecido no exterior. Por exemplo, um manual recente da Oxford University Press sobre línguas românicas (LEDGEWAY; MAIDEN, 2016) não traz nenhum artigo dedicado ao português brasileiro. Uma das justificativas deste projeto é promover um melhor conhecimento do português brasileiro no contexto acadêmico internacional.
Outro importante aspecto deste projeto é que ele lida com dados reais do português coloquial. No Brasil, ainda persiste um sério problema social causado pela discrepância entre o português efetivamente falado pela maioria da população e o português escrito ensinado nas escolas. Persiste ainda a divisão entre a língua popular coloquial e a língua culta escrita, numa situação sociolinguística de diglossia (duas variedades linguísticas cumprindo funções distintas numa mesma sociedade). Isso gera exclusão social e problemas educacionais, já que a maioria da população fala uma variedade linguística, que não é aquela ensinada na escola (MATTOS e SILVA, 2004; KABATEK, 2016, p. 630).
O objetivo deste projeto é justamente descrever e analisar um caso de discrepância entre a língua culta e a língua coloquial e popular. Trata-se da existência, em português brasileiro coloquial, de construções denominadas na literatura com diferentes rótulos: phrasal verbs (verbos sintagmáticos), verb-particle construction (construção verbo-partícula) e satellite-framed construction (construção com frame no satélite).
Estas construções são típicas das línguas germânicas, mas são bastante produtivas no português brasileiro, como pretendo mostrar. Entre as construções que vou descrever e examinar estão: andar por cima, andar por baixo, ir embora, arrancar fora, sair fora, cair dentro, dar pra trás, pular dentro, pular fora, cuspir fora, etc.
Não se trata de influência da língua inglesa, mas de uma construção que apresenta características semânticas e pragmáticas específicas, ligadas em parte à língua oral.
Outra justificativa deste projeto é que ele visa coletar um conjunto de dados a serem disponibilizados no Portal Línguas, Literatura e Práticas Culturais. A ligação com o projeto é transparente: trata-se de analisar e registrar um fato linguístico que funciona como uma das identidades produzidas pelo português brasileiro.

A hipótese é que o português brasileiro, no registro informal, já apresenta quatro das cinco características das línguas com frame no satélite. Línguas com frame no satélite são aquelas que apresentam phrasal verbs, nos quais o verbo indica o modo do movimento e a preposição (chamada de satélite) indica a trajetória do movimento (como em jump in, run out, float down) (TALMY, 1985; 2000; 2007). Se considerarmos as características das línguas com frame no satélite (SLOBIN, 1996; IACOBINI; MASINI, 2007; MATEU; RIGAU, 2010), a única condição não satisfeita pelo português brasileiro é a condição e (O satélite pode adquirir valores puramente aspectuais). As outras 4 condições são satisfeitas.

a. O satélite exprime a trajetória.
b. O verbo exprime o modo ou a causa.
c. O evento tende a ser télico (com um fim delimitado)
d. Há usos idiomáticos/metafóricos
e. O satélite pode adquirir valores puramente aspectuais.

Idioma: Português / Inglês / Espanhol / Italiano
Data: 10/06/2020
Direitos autorais: Creative Commons
Palavras-chave: Verbos de movimento; Português brasileiro coloquial; verbos sintagmáticos

Materiais pedagógico:

Coordenação: Heronides Moura (Coordenador) - UFSC LATTES ORCID CV
Tipo: Os dados são coletados no Tweeter, o que permite estabelecer um retrato bastante realista da produtividade do fenômeno estudado, como característica do português informal.
Idioma: Português / Inglês / Espanhol / Italiano
Período: 06/06/2019
Financiamento:

Resumo:

O objetivo deste projeto é  descrever e analisar um caso de discrepância entre a língua culta e a língua coloquial e popular do Brasil. Trata-se da existência, em português brasileiro coloquial, de construções denominadas na literatura com diferentes rótulos: phrasal verbs (verbos sintagmáticos), verb-particle construction (construção verbo-partícula) e satellite-framed construction (construção com frame no satélite). 

Estas construções são típicas das línguas germânicas, mas são bastante produtivas no português brasileiro, como pretendo mostrar. Entre as construções que vou descrever e examinar estão: andar por cima, andar por baixo, ir embora, arrancar fora, sair fora, cair dentro, dar pra trás, pular dentro, pular fora, cuspir fora, etc.

Não se trata de influência da língua inglesa, mas de uma construção que apresenta características semânticas e pragmáticas específicas, ligadas em parte à língua oral.

Este projeto visa também coletar um conjunto de dados a serem disponibilizados neste Portal.

A hipótese é que o português brasileiro, no registro informal, já apresenta quatro das cinco características das línguas com frame no satélite. Línguas com frame no satélite são aquelas que apresentam phrasal verbs, nos quais o verbo indica o modo do movimento e a preposição (chamada de satélite) indica a trajetória do movimento (como em jump in, run out, float down) (TALMY, 1985; 2000; 2007).


Direitos autorais:

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